"O MAIOR INIMIGO DA CRIATIVIDADE É O BOM-SENSO" Picasso. Sem pretensões, que não sejam as de mostrar;

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sábado, 24 de maio de 2008





O Caracol da Esperança
Num texto sobre peripécias da sua infância, o meu amigo Raulão falou num recurso seu, em miúdo, ao "endireita da Esperança".
Ficava esse famoso "terapeuta popular" no bairro da Madragoa, e ao que constava na época, era senhor de grandes dotes , pois, onde metia as sábias mãos, era cura certa.
Ficava muito perto deste "doutor" o não menos famoso Caracol da Esperança.
Tratava-se de um amplo espaço de comes-e-bebes que se especializou em suculentos petiscos de Caracóis estufados e Caracoleta Assada.
Era à época, dos lugares mais frequentados pela boémia, e estudantada nocturna, que se pirava das aulas "onde nada se aprendia de interesse" para, ao contrário, aprender coisas úteis "Bilhar, Matraquilhos, Petisqueiras, Namoricos "e outros.
Enfim...coisas importantes para a boa formação do carácter !!
Frequentava eu o curso nocturno na Veiga Beirão, e depois de tentativas de anos, consegui aos poucos ser aceite pelo denominado "Grupo da desgraça".
Era constítuido pelos mais espigadotes, espertotes e bons na porrada, e eram muito selectivos nas novas aderências.
Para ser integrado como "membro em vias de evolução", era esta a designação dada aos "iniciados", entre várias praxes, uma delas era a de ter que "entrar" com uns cigarritos e Imperiais, que normalmente o "Lente" designava a quem e aonde eram fumados os cigarros e ingeridas as Imperiais.
Recordo ainda hoje alguns desses colegas, que embora a cabulice fosse ponto de honra, muitos acabaram os cursos, continuaram os estudos e conseguiram pela vida fora, bastante sucesso profissional.
Mas todos nós vivia-mos sempre na corda-bamba do "chumbar por faltas" e perto dos exames, era ver o correpio para a secretaria a fazer a "relevação de faltas".
Velhos tempos, os de estudante...e então eu...que gostava tanto de estudar, que repetia os anos todos, sempre com aquele pânico de o curso acabar depressa demais !!
Ainda hoje gosto de Caracoleta Assada, mas como aquelas do Caracol da Esperança...com aquele molhinho de manteiga (leia-se margarina), piri-piri e coentros...uáu...já não se fabricam !! e depois da pança cheia...rumava-se ao Bairro Alto..."pra tirar a falta".
Mais uma vez Raulão, esta cidade é grande, mas quase todos nós trilhámos as mesmas rotas !!
Também naquele tempo não havia as escolhas de hoje.
Porta-te mal !! Um queijo. Zé
fotos Google

3 comentários:

Pica Sinos disse...

Grande Justo
Gostei, Gostei muito.
Um dia destes também "falo" sobre a Escola Veiga Beirão e as nossas "trepolias" nas noites como estudantes. Não sei se te encontrei lá, mas que andamos lá os dois ao mesmo tempo não tenho duvidas. Mas vamos falar da Madragoa, das varandas floridas, que saudades meu bom amigo.Também por lá ouvi uns fados e conheci fadistas. Ainda te lembras da padaria junto ao chafariz no inicio da rua da Esperança e do pão quentinho às três da manha?

Gosto quando descreves a nossa cidade! Lisboa dos meus encantos e dos meus amores.

Um grande abraço Amigão

José Justo disse...

Raulão
Há quanto tempo não recordávamos estes tempos de antanho.
Tenho inúmeras histórias sobre, e da Veiga Beirão, que quando esta alérgia da Primavera me largar o nariz quero pôr no "papel".
Frequentas-te a Veiga do Carmo ou da Costa do Castelo?
E as caracoletas!! também ia á feira popular "dar cabo delas" que para os tempos modernos não ficavam nada a dever !!
Um abraço

Pica Sinos disse...

Amigo Justo

Frequentei as duas. O primeiro ano na Costa do Castelo e depois saltei para o Largo do Carmo.
Quando tiver mais tempo conto umas histórias pode ser que tu as conheças de ouvir falar
Pica