


O Lardo do Carmo e eu !! (4)Miradouro do Elevador de Santa Justa
Este elevador, cuja entrada principal é entre as ruas do Ouro e Santa Justa, liga a Baixa-Chiado ao Largo o Carmo.

As Comemorações do dia do estudante, as movimentações estudantis em Coimbra, Porto e Lisboa, mexeu muito com a cidade, que viveu semanas de grande rebuliço.
Os estudantes da Veiga Beirão, passavam a vida a provocar subtilmente a GNR do quartel mesmo ao lado da escola, de tal modo que de quando em vez, entravam de rompante pelo pátio a dentro, e claro, o pessoal eclipesava-se num instante para todo o "buraco" que servisse de abrigo.
Com as Comemorações do Dia do Estudante e a Crise Académica em Março de 1962 no auge, houve em certo fim de tarde que havia grandes movimentações de estudantes e forte repressão da policia na rua do Ouro, mesmo por baixo do Miradouro do Elevador, cujo acesso se fazia por um portão lateral á Escola Veiga Beirão.

Os estudantes retribuiam vigorosamnte com centenas de pedras arrancadas dos passeios da rua do Ouro.
Utilizavam o sistema de oscilar os sinais verticais de trânsito com bastante força até o cepo enterrado começar a levantar as pedras, e depois era só servirem-se.
Corria água a jorros pela rua e alguém teve uma ideia "genial"...fez-se uma "recolha de fundos" entre muitos de nós...fomos ao quiosque e capelista comprar dezenas de balões...enchia-mos de água no chafariz...e do cimo do elevador, eram largados para o grupo compacto de policias que iam distribuindo "cacetada".
Vindos daquela altura, eram autênticos "balões-bomba", quando se desfaziam em cima das "autoridades" !!Ainda mantivemos o "bombardeamento" por algum tempo, e os policias ao princípio não se aperceberam do que estava a acontecer, até que alguém detectou a manobra, e não estiveram de meias...vai de disparar um tiro para cima !!...ninguém foi atingido, mas toca a dar o "piro heróico"...com tiros não dava !!.
No dia seguinte, depois do toque para a primeira aula, em todas as salas foi lido pelos professores, em tom muito solene, um comunicado avisando que se incidentes como os da véspera ou outros, se repetissem, a escola seria encerrada e todos os alunos seriam identificados e interrogados pela policia !!.
Não faço ideia até que ponto seria verdade a ameaça, mas o que é facto é que durante uns largos tempos o pessoal andou calminho e muitos até deixaram de frequentar o curso por uns tempos.
De qualquer maneira, mais uma vez a Veiga Beirão "hasteou a bandeira da revolta" e esteve presente em movimentações "do contra".
Fotos Google






















Na infância, porque a entrada secundária do quartel dava para a Calçada do Carmo, e a miudagem por vezes pedia para ir ver os cavalos, o que de quando em vez era concedido.


Também meu irmão, certa vez foi obrigado a uma "visita forçada" ao quartel e esteve na casa da guarda umas horas, até nosso pai interceder e ser "libertado" ""...libertado pela GNR...mas desancado em casa.
Anos depois, viria a ser este quartel o ex-libris da revolução de 25 Abril 1974.



















