"O MAIOR INIMIGO DA CRIATIVIDADE É O BOM-SENSO" Picasso. Sem pretensões, que não sejam as de mostrar;

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segunda-feira, 30 de junho de 2008

O largo do Carmo e eu !! (4)



O Lardo do Carmo e eu !! (4)

Miradouro do Elevador de Santa Justa

Este elevador, cuja entrada principal é entre as ruas do Ouro e Santa Justa, liga a Baixa-Chiado ao Largo o Carmo.

As Comemorações do dia do estudante, as movimentações estudantis em Coimbra, Porto e Lisboa, mexeu muito com a cidade, que viveu semanas de grande rebuliço.

Os estudantes da Veiga Beirão, passavam a vida a provocar subtilmente a GNR do quartel mesmo ao lado da escola, de tal modo que de quando em vez, entravam de rompante pelo pátio a dentro, e claro, o pessoal eclipesava-se num instante para todo o "buraco" que servisse de abrigo.
Com as Comemorações do Dia do Estudante e a Crise Académica em Março de 1962 no auge, houve em certo fim de tarde que havia grandes movimentações de estudantes e forte repressão da policia na rua do Ouro, mesmo por baixo do Miradouro do Elevador, cujo acesso se fazia por um portão lateral á Escola Veiga Beirão.
A policia carregava em força com longos bastões, policia a cavalo e um carro blindado canhão-de-água.
Os estudantes retribuiam vigorosamnte com centenas de pedras arrancadas dos passeios da rua do Ouro.

Utilizavam o sistema de oscilar os sinais verticais de trânsito com bastante força até o cepo enterrado começar a levantar as pedras, e depois era só servirem-se.
Corria água a jorros pela rua e alguém teve uma ideia "genial"...fez-se uma "recolha de fundos" entre muitos de nós...fomos ao quiosque e capelista comprar dezenas de balões...enchia-mos de água no chafariz...e do cimo do elevador, eram largados para o grupo compacto de policias que iam distribuindo "cacetada".
Vindos daquela altura, eram autênticos "balões-bomba", quando se desfaziam em cima das "autoridades" !!

Ainda mantivemos o "bombardeamento" por algum tempo, e os policias ao princípio não se aperceberam do que estava a acontecer, até que alguém detectou a manobra, e não estiveram de meias...vai de disparar um tiro para cima !!...ninguém foi atingido, mas toca a dar o "piro heróico"...com tiros não dava !!.

No dia seguinte, depois do toque para a primeira aula, em todas as salas foi lido pelos professores, em tom muito solene, um comunicado avisando que se incidentes como os da véspera ou outros, se repetissem, a escola seria encerrada e todos os alunos seriam identificados e interrogados pela policia !!.

Não faço ideia até que ponto seria verdade a ameaça, mas o que é facto é que durante uns largos tempos o pessoal andou calminho e muitos até deixaram de frequentar o curso por uns tempos.

De qualquer maneira, mais uma vez a Veiga Beirão "hasteou a bandeira da revolta" e esteve presente em movimentações "do contra".

Fotos Google



Arte Digital
Google

O Largo do Carmo e eu !! (5)







O Largo do Carmo e eu !! (5)

As Ruinas do Convento do Carmo

O Convento da Ordem do Carmo de Lisboa, foi fundado por D. Nuno Álvares Pereira em 1389.
Foi inicialmente ocupado por frades Carmelitas de Moura chamados por D. Nuno para ingressar no Convento e, em 1423 ele mesmo entrou no Convento como religioso.

No dia 1 de Novembro de 1755, o Grande Terramoto de Lisboa, destruiu boa parte da igreja e do Convento, que nunca chegou a ser reconstruido de todo.
Actualmente as Ruinas são sede do Museu Arqueológico do Carmo.

No Largo do Carmo, em frente ao Convento, encontra-se o Chafariz do Carmo (séc. VVIII) desenhado por ângelo Belasco e decorado com quatro golfinhos.
Por incrível que pareça, embora conheça globalmente todos os museus da cidade de Lisboa, que visitei muitos deles várias vezes, e de ter vivido a algumas centenas de metros, nunca entrei no das ruinas do Carmo.

Como é possível, passando eu todos os dias, durante anos á porta desta casa, nunca me puxou a visitá-la !!??...enfim, sem resposta.

Google Wikipédia


O Homem superior é Amigável sem ser familiar:
O homem comum é familiar sem ser Amigável.
Confúcio

Nenhuma qualidade grangeará a um homem mais Amigos que a capacidade de admirar as qualidades dos outros.
Baswell

O Largo do Carmo e eu !! (6)





O Largo do Carmo e eu !! (6)

O Quartel do Carmo da GNR

Estou ligado a este quartel de duas formas; na infância e juventude, e pela revolução dos cravos.
Na infância, porque a entrada secundária do quartel dava para a Calçada do Carmo, e a miudagem por vezes pedia para ir ver os cavalos, o que de quando em vez era concedido.

Eu e meu irmão, passava-mos largos momentos junto das cavalariças, e adorava ver ferrar os cavalos, sentir o fumo e cheiro a casco queimado para moldar as ferraduras, o pregar e cortar dos grandes cravos de fixação (davam-nos alguns e fazia-mos anéis com eles) e também o aparar em xadrez do pêlo nos lombos traseiros dos cavalos.

Estou certo que foi aí que nasceu o meu gosto por cavalos, e mais tarde comprar umas botas de cano alto e a frequentar a Escola de Equitação que existia na rua Alexandre Herculano.
Também meu irmão, certa vez foi obrigado a uma "visita forçada" ao quartel e esteve na casa da guarda umas horas, até nosso pai interceder e ser "libertado" ""...libertado pela GNR...mas desancado em casa.

O motivo...bem...não tem muita graça !!
Tinha aparecido entre os miudos a moda de fazer fisgas com um elástico entrelaçado nos dedos e aremessar clips partidos ao meio em forma de U.

Era inconsciente apontar às pessoas, mas...miudos de poucos anos não pensam...e meu irmão lá acertou na perna de uma senhora, e por "azar" foi visto por uma vendedeira de bananas que fazia qurtel general diariamente à porta da nossa casa, e não nutria muita simpatia pela petizada que lhe atentava a vida, e lá lhe roubava uma ou outra bananinha.

Foi ela que apontou meu irmão ao guarda da GNR que inquiriu do sucedido, por queixa da senhora ferida, que exibia a perna ensanguentada.

Recordo que meu pai ainda se viu em complicados tramites para resolver o caso de uma forma concensual, o que não foi fácil, pois a juntar á gravidade do caso, o guarda encarregue do inquérito era bronco como as portas.

Meu irmão é que levou uma tareia monumental, e ficou uma série de tempo com castigos.

Uma brincadeira altamente perigosa, que uns anitos mais tarde e já mais espigadotes, voltou á "triste moda" e a ser utilizada nas "purrias" entre as ruas rivais do Duque e da Condessa.
Anos depois, viria a ser este quartel o ex-libris da revolução de 25 Abril 1974.
O capitão Salgueiro Maia comandou as tropas que sitiaram o quartel, pois foi nele que se refugiou o professor Marcelo Caetano com alguns ministros, e onde acabou por se render e entregar o poder e o Governo da Nação ao General Spinola.

fotos Google

Três homens são meus AMIGOS:
O que me ama, o que me odeia e o que é indiferente a mim.

O que me ama, ensina-me ternura.
O que me odeia, ensina-me a cautela.
O que é indiferente a mim, ensina-me a autoconfiança.

Panin

O Largo do Carmo e eu !! (7)






O Largo do Carmo e eu !! (7)

O Quiosque do Largo do Carmo

Neste curioso e antigo quiosque situado a uma vintena de passos da Veiga Beirão, encontrava-se o mundo maravilhoso da miudagem. De verão serviam copos de Limonada e Capilé (refresco muito em voga, que consistia n'umas colheres de concentrado de xarope melaço, com água ou gasosa). Entre material escolar primário e bujigangas diversas, a grande saida ía para as saquetas com cromos, que depois eram colados numa caderneta própria, e os célebres rebuçados com os "bonecos da bola". A primeira colecção de cromos foi a das Raças Humanas, que ficou célebre pela novidade, mas também pela alta qualidade gráfica dos cromos.

Eram também para estes rebuçados que se canalizavam todos os tostões "cravados" aos pais e familiares.

Chupados os rebuçados, que sabiam sempre ao mesmo, pois pouco mais eram do que água e açucar, os bonecos que vinham enroladinhos junto, eram trocados os repetidos, e com os outros jogava-se á "viradinha" nos bancos de pedra do Largo do Carmo. A "viradinha" jogava-se da seguinte forma:
Cada um punha um boneco da bola com a figura para baixo e sobrepostos, então à vez, cada interveniente no jogo, com a mão em concha invertida dava uma palmada seca sobre o molho de bonecos e os que ficassem com a imagem para cima eram ganho.
O que virava, só voltava a por um boneco, os outros punham a quantidade que o ganhador tinha conseguido.
Havia peritos no "viranço" que dado a grande destreza manual, ficavam sempre com montes de bonecos, para desgraça dos "depenados".

Uma curiosidade...era minha avó materna Conceição a quem sempre pedia a cola para os bonecos da bola .
A receita do preparado consistia em levar a lume brando; farinha e água, sempre a mexer uns minutos para ficar uma pasta fluída...e pronto...até colava mesmo !!

Estavamos a "anos luz" das UHU !!

fotos Google